Ser mãe depois do Câncer

Você sabia que após os tratamentos quimioterápicos e/ou radioterápicos, 90% das pessoas tem a fertilidade comprometida? No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer, apenas em 2020, 316.280 mulheres tiveram novos casos da doença, sendo que o câncer de mama é segundo mais frequente entre elas, perdendo apenas para o de pele.  

O câncer de mama acomete cada vez mais mulheres em idade fértil e, como há alta taxa de sobrevida e cura, grande parte delas desejam realizar o sonho de ser mãe após o tratamento.

Nesses casos, pode haver infertilidade temporária ou permanente, que varia de acordo com cada indivíduo, órgão acometido pelo câncer e doses/gamas utilizados para o tratamento.

Por isso, o congelamento de óvulos é uma forma de preservar a fertilidade da mulher por tempo indeterminado para que, após a conclusão do tratamento oncológico, ela possa ter mais chances engravidar. Essas chances são maiores para mulheres que congelam seus óvulos até os 35 anos, mas isso não impede de ser feito com idade posterior. O procedimento precisa ser realizado antes do início da quimioterapia ou radioterapia.

Caso você ou alguém que você conheça tenha dúvidas sobre a preservação da fertilidade em pacientes oncológicos, procure um médico infertileuta, antes de começar seu tratamento.

Que tratamentos podem afetar a fertilidade?

A infertilidade pode ser causada por qualquer um dos diferentes tratamentos oncológicos usados ​​hoje: quimioterapia, radioterapia ou cirurgia.

Quimioterapia

A quimioterapia atua em todas as células do corpo, destruindo as células tumorais e as células saudáveis ​​que estão se dividindo. Entre elas estão os óvulos. Portanto, um dos potenciais efeitos secundários desses tratamentos é o comprometimento do aparelho reprodutor: basicamente, sua consequência seria a redução do número de ovulos, embora os riscos possam variar de acordo com cada tratamento.

Radioterapia

A radiação para o útero ou ovários pode causar infertilidade ou, em muitos casos, esterilidade permanente. Em algumas mulheres, o retorno da menstruação pode ocorrer meses ou anos após o término do tratamento. Em qualquer caso, e mesmo que a mulher recupere a menstruação, sua fertilidade diminuirá, pois este tratamento afeta a reserva ovariana. 

Perguntas mais frequentes

1- Quais são os sintomas da infertilidade? 

Em mulheres que foram tratadas com quimioterapia / radioterapia, pode haver falta de menstruação, menstruação irregular ou “envelhecimento” dos ovários.

2- Como determinar a fertilidade de uma mulher?

Além da idade, podemos analisar seus hormônios (FSH, LH e estradiol e AMH) e solicitar um ultrassom ginecológico com contagem dos folículos antrais. 

3- A partir de que idade os óvulos / tecido ovariano podem ser congelados?

O ideal é congelar óvulos ou tecido ovariano antes do início do tratamento oncológico.

4- Quanto tempo dura a amostra de óvulo criopreservado / tecido ovariano?

Eles podem permanecer congelados por anos sem deteriorar sua qualidade.

5- É seguro usar oócitos / tecido ovariano criopreservado para um tratamento de repodução assistida?

Hoje, o uso de óvulos congelados é seguro e sua eficácia é amplamente comprovada. O uso de tecido ovariano é recomendado para pacientes jovens, antes da idade reprodutiva, como por exemplo, em casos de leucemias em jovens pré-puberi.

Técnicas utilizadas na preservação da fertilidade

Criopreservação ou vitrificação do oócito – é considerado o tratamento mais recomendado para a preservação dos gametas femininos. Consiste no congelamento dos oócitos após a realização da estimulação ovariana. Hoje, através da técnica de vitrificação, são obtidos excelentes resultados no descongelamento (de 90% a 97%). A grande vantagem dessa opção é que permite que a mulher tenha filhos após o congelamento, mas com as mesmas chances de quando seus óvulos foram vitrificados.

Criopreservação do tecido ovariano (técnica experimental) – Com esta técnica é possível preservar a fertilidade e a função hormonal ovariana. Consiste na extração por cirurgia laparoscópica do “córtex” de um dos dois ovários, para ser posteriormente congelado. Quando o paciente está curado, esse “córtex” pode ser reimplantado no mesmo local de onde foi obtido.

Outras opções para tratamento de radioterapia na pelve- A transposição cirúrgica dos ovários é realizada para evitar a exposição direta dos ovários à radioterapia e pode ser realizada por ginecologistas treinados em cirurgia laparoscópica.

O que pode ser feito, se não houver criopreservação de óvulos ou tecido ovariano antes do tratamento?

As opções dependem de cada situação;

1- Meio natural: A recuperação ovulatória normal é a situação ideal, embora infelizmente não seja a mais frequente, já que normalmente não ultrapassa 20-30% dos casos. Um fator que interfere diretamente nessa recuperação é a idade da paciente no momento que o tratamento foi finalizado.

2- Reprodução assistida: Se a função dos ovários se recuperar, mas a reserva ovariana for escassa, as chances de engravidar naturalmente são pequenas. Nestes casos, e antes de iniciar os tratamentos de reprodução assistida, é aconselhável realizar um estudo exaustivo da função ovariana, para avaliar as possibilidades de gravidez. Assim, dependendo da idade e da reserva ovariana da mulher, diferentes tratamentos de reprodução assistida estão disponíveis hoje, como inseminação artificial, fertilização in vitro (FIV) ou microinjeção intra-citoplasmática de espermatozoide (ICSI).

3- Doação de óvulos: Por último, mas não menos importante, outra grande alternativa para constituir família nesses casos é a ovodoação.

 

Dra Zuleica Guimarães
CRM 15592 RQE 6485

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